sábado, 2 de junho de 2012

Entre Outras Mil...


Entre Outras Mil...


Honestamente, nunca confiei demais em quem é patriota fanático (bem, fanatismo em minha opinião não é saudável em nenhuma situação), pois pessoas que não tem clareza dos aspectos negativos e positivos daquilo que defendem não podem ser consideradas como fontes ou parâmetros confiáveis. Enfim, nós que vivemos em um país que durante um período recente tinha como máxima: Brasil: ame-o ou deixe-o, obviamente que o “amar” no caso deveria ser condizente com os excessos cometidos pelos imundos governos militares que exaltavam um patriotismo mentiroso, enquanto milhares de pessoas morriam nos porões de uma ditadura não menos imunda.

            Porém, de uns tempos para cá comecei a entender melhor os motivos que fazem muita gente ao redor do mundo a ter uma visão negativa do Brasil. Claro que não vivemos em um paraíso tropical cheio Gisele Bunchens em todas as esquinas, shows do U2 a cada semana a investimento em ciência e cultura para todos terem acesso e é claro que nem todos vivemos no padrão de vida que a “Malhação” (novelinha global quer mostrar), mas também não somos a filial do inferno como muita gente que nunca pisou aqui, e muita gente  que é daqui pensa.
            Só para exemplificar, os EUA se auto proclamam os “senhores da democracia”, mas é incapaz de subordinar-se as decisões da ONU, esta que por sinal não executa nem um tipo de retaliação por ser financiada em grande parte pelo mesmo, eles, os americanos ameaçam de retaliação aos países que se recusam a escancarar seus mercados aos seus produtos e recusam-se a oferecer ajuda alimentar para alguns países do Continente Africano caso algumas exigências comerciais não sejam atendidas. Na realidade, a palavra democracia esvaziou-se de significado há muito tempo, principalmente nos países da periferia do capitalismo onde o termo cidadania ainda é visto como algo sem sentido. Vemos todos os dias nos noticiários que as classes dominantes não querem apenas seus direitos, e sim privilégios. E que as classes subordinadas nunca tiveram direitos.


 Os países desenvolvidos em sua maior parte entendem esta estrutura perversa como algo natural (chamamos isso de darwinismo social) e encara isso tudo como uma mera fatalidade, sendo que a miséria do mundo deve ser tolerada como conseqüência da delícia de viver reinante em outros países (como os EUA, Reino Unido etc.). Ou você já viu alguém jogar fora uma dose de Jack Daniels por causa do sentimento de culpa pela fome mundial?
            Nosso povo tem o péssimo habito de importar formas e costumes sem que haja um estudo ou ate mesmo uma analise por menos criteriosa que seja sobre o assunto, como é de conhecimento de muita gente temos “a velha mania de jogar a criança junto com a água do banho” sem notar e preservar aquilo que possuíamos de positivo. Mas nem tudo esta perdido senhoras, senhores, senhoritas e indecisos! Devemos resgatar nossa auto-estima, o sentimento positivo de que podemos mudar nosso país a partir de atitudes concretas, torcendo pelo sucesso e não pelo fracasso. Temos ciência dos problemas seríssimos, Ok, mas será só aqui que é assim? Nos EUA e Europa não existem mendigos perambulando pelas ruas? Tráfico de drogas, racismo, violência, pedofilia... Isso não existe lá certo? Hum sei...
            A auto-estima do brasileiro deve ser celebrada, como se terminássemos de pagar a ultima promissória vencida da nossa submissão. Chega de lobbies internacionais que compram senadores e deputados, chega de pseudo-economistas e grandes executivos nos dizendo o que temos de fazer para sermos desenvolvidos. Como um sábio filósofo, Álvaro Theodoro (meu pai) sempre diz: “quanto mais abaixamos a cabeça mais mostramos a nossa bunda”, não podemos mais esperar que nossos problemas sejam resolvidos por pessoas que enxergam unilateralmente e pela óptica do lucro. Creio que uma grande parcela da população brasileira não suporta mais tanta desigualdade social, criminalidade, desrespeito, corrupção, covardia e picaretagem. Não dá para entender o fato de uma pessoa ser condenada por crimes em seu país de origem e o governo brasileiro não extraditá-lo, são absurdos assim que faz o mundo ver o Brasil como a verdadeira casa da mãe Joana! ( e digo isso com todo o respeito a todas as Joanas). Tudo o que o Brasil não precisa são de experts em “bom senso mercantilistas”, que não se cansam de nos enfiar goela abaixo um discurso coerente e racional que explique a tragédia absurda que afeta outros povos. A tal globalização que deveria gerar riqueza para todos, apenas democratizou a desgraça.

            Hoje temos a oportunidade de voltar a sentir orgulho de ser brasileiro. Basta acreditar que somos capazes de produzir e realizar inúmeras coisas. Não é por acaso que entre 1981 e 1998, o Brasil teve um crescimento de 365% de sua produção científica (três vezes mais do que a média mundial no mesmo período), não é mero palpite o fato de que o relatório do banco mundial prevê que o nosso país terá uma das mais altas taxas de desenvolvimento nos próximos 15 anos, que nosso índice de analfabetismo vem caindo, nosso sistema eletrônico de votação é considerado coisa de outro planeta para os próprios Yankes. Não podemos mais aturar políticos americanos e europeus defendendo a internacionalização da Amazônia quando a própria Europa tem hoje apenas 2% de suas florestas nativas, ao mesmo tempo em que os EUA já emitiram, desde 1950, 190 bilhões de toneladas de gás carbônico causando entre outras coisas o efeito estufa e uma série de catástrofes naturais como derretimento das geleiras, enchentes, chuvas excessivas em algumas regiões do planeta e seca em outras, etc. isso ninguém vê né?


            Se não olharmos nosso país de outra maneira, acabaremos convencidos de que aqui é uma merda completa. Já esta mais de que na hora de reconstruirmos este país, para que isto aconteça precisaremos de todos os tijolos que estiverem à nossa disposição, é chegada à hora nos inspirarmos em grandes gênios e ampliar ainda mais nosso desejo de ir mias longe. Mais de que frases bonitas, nós brasileiros precisamos de mais exemplos positivos como de grandes personagens como Airton Senna, Chiquinha Gonzaga, Monteiro Lobato, Florestan Fernandes, Paulo Freire, dentre milhões de outros grandes heróis anônimos, que todos os dias de manhã deixam suas casas para enfrentar todas as dificuldades de um mundo externo extremamente hostil ( transporte precário,trabalho estressante, cansaço etc.) para trazer o sustento para sua família de forma digna e honrada. Espero que todos os avanços nas diversas áreas sirvam de alento para que a maior parte da população deste país veja o lugar maravilhoso em que vive com outros olhos, que esta população perceba que os honestos, honrados, trabalhadores, dedicados, empreendedores, alegres, gentis, hospitaleiros, criativos e esforçados ainda são a maioria, e que isso gere a vontade de se reerguer, reflexão, humildade sem submissão e principalmente orgulho de morar em um país tão lindo quanto este.

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